segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sextilha política














por Jorge Filó


A Direita e a Esquerda
São forças muito distintas
A Direita só tem lobas
Devoradoras famintas
As ovelhas da Esquerda
Hoje em dia estão extintas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A frieza dos números












Aliados de José Serra (PSDB) já admitem que ele pode jogar a toalha com relação aos Estados do Nordeste. O presidenciável estaria pronto a enveredar por um caminho pragmático, de cultivar e preservar os votos que tem em regiões do País onde ainda for possível vencer a adversária Dilma Rousseff (PT).


Se essa tese – que, admitamos, tem sentido – for confirmada, não devemos ver muito o candidato tucano por essas bandas. O que não é bom para as oposições, que apostam na campanha “casada”. De qualquer forma, desde o início da corrida sucessória Serra esteve pelo menos quatro vezes em Pernambuco. Nem por isso ajudou a alçar os números de Jarbas Vasconcelos (PMDB) nas pesquisas.


Já a presidenciável petista detém uma posição confortável nos levantamentos realizados no Norte e, principalmente, no Nordeste, onde tem seus melhores índices. Mas ao contrário de Serra, ela continua agendando compromissos eleitorais nas duas regiões.


O que pode explicar a tranquilidade de Dilma com relação ao Sudeste – onde a situação lhe é mais desfavorável – e ao Sul é a entrada definitiva do presidente Lula na campanha. Maior cabo eleitoral de Dilma, Lula pretende se debruçar exatamente sobre essas áreas delicadas. E já começou. Passou todo o final de semana em atividades de campanha em São Paulo, da capital ao ABC, berço do PT.


Se as próximas pesquisas mostrarem que a estratégia petista está correta, o caldo pode entornar para os tucanos. E aí, é mudar tudo ou entregar os pontos.

* Texto publicado na coluna Cena Política, do JC, em 23/08/2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Adversário incômodo
















Os jornalistas que cobrem a campanha eleitoral já desistiram de pedir ao governador-candidato Eduardo Campos (PSB) sua opinião a respeito de qualquer questão envolvendo o adversário Jarbas Vasconcelos (PMDB). Cansaram de ouvir a mesma resposta, que, com ligeiras variações de acordo com o humor da ocasião, soam tipo: "Não tomo conhecimento".


Caminho mais fácil não há que nos negarmos a reagir a uma crítica quando ela "aparentemente" não nos atinge. Afinal, apenas uma leitura superficial dos números das pesquisas basta para explicar a postura confortável do governador. Mas não é bem assim.


O mantra do "desconhecimento ao adversário" cabe apenas nas aparições públicas de Eduardo, onde tem imprensa. E sempre tem imprensa aonde quer que ele vá. Mas sob a proteção dos muros do comitê de campanha ou do Palácio do Campo das Princesas, a conversa é outra. Há "rumores" de que a ordem do governador é para que não se deixe o "doutor Jarbas" sem resposta.


Só que ela não deve ser transmitida pelas mãos dos jornalistas, para não parecer bate-boca. Sempre que possível, o recado deve ser enviado ao peemedebista em forma de ações sem trégua da campanha da Frente Popular. E de preferência, em áreas próximas às de Jarbas. Política da "terra arrasada" mesmo.


Logo no início, "coincidências" de agenda levaram Eduardo a marcar atos de campanha nas mesmas cidades que Jarbas. E no máximo com apenas um ou dois dias de antecedência ao evento do adversário. Mas com o início do guia eleitoral de TV e rádio, as "coincidências" deram lugar à afobação.


Ontem, nem bem havia terminado o primeiro programa de Jarbas na televisão, A Frente Popular já rebatia propostas apresentadas pelo opositor. Nese caso específico, a promessa de redução da tarifa sobre ligações de celular pré-pago.


Marketing! Afinal, celulares ainda são - pasmem os senhores! - símbolo de status entre consumidores das classes menos abastadas, e os publicitários jarbistas podiam prever a reação positiva do eleitor. Que só não foram mais rápidas que os telefonemas de assessores da Frente Popular à imprensa, em busca de espaço para contestar o mesmo peemedebista cuja candidatura alegam não tomar conhecimento.


Como a proposta havia sido lançada por Jarbas no guia eleitoral, obviamente os jornalistas entenderam ser aquele o fórum adequado à resposta. Mas o insucesso em recuperar de imediato o suposto "prejuízo" eleitoral fez com que o governador utilizasse entrevistas previamente marcadas para tratar do assunto. Que foi levantado por um candidato cuja existência ele garante nem notar.


Se a moda pega, e a cada promessa levada ao ar chovam adversários preocupados em contestá-las na imprensa, seria melhor redirecionar logo a estratégia de marketing de cada candidato. Ou ao menos daqueles que sempre defenderam os longos, chatíssimos e ultrapassados programas do guia eleitoral como principal estratégia para serem catapultados ao poder.

O antipatriota














Por Rafael Carvalheira

Do Jornal do Commercio

Questionar a escolha do Brasil para sediar a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O assunto soa velho e, para alguns, até antipatriótico. É bom que seja assim. O contrário disso significa estar alinhado com raciocínios deturpados sobre valores sociais. Gente que gosta de brincar de esconde-esconde; que trabalha para que qualquer contestação em cima destas eleições e suas implicações soe exatamente assim.

Para o azar dessa gente, que compõe as mais variadas esferas sociais, na qual se incluem membros de governos e imprensa, há quem não embarque no oba-oba. O repórter inglês Andrew Jennings é uma dessas pessoas. E ele está no Brasil. Investigando os porões das candidaturas brasileiras. Cada suborno e manobra por baixo dos panos. Concedeu entrevistas a vários veículos de comunicação. Um pequeno questionamento suscita no mínimo reflexão sobre a real necessidade de organizarmos os dois maiores eventos esportivos do mundo.

Quanto a Fifa e o COI vão gastar? Talvez nem as passagens dos seus dirigentes. Os bilhões sairão dos nossos bolsos para a construção de casulos – instalações esportivas ou não – destinados à engorda financeira das duas entidades. Entidades estas que vendem algo abstrato para patrocinadores, parceiros e outros com relação mais suspeita. As marcas Copa e Olimpíadas. Nem a Fifa nem o COI pagam atletas, sustentam clubes ou centros de treinamento, executam projetos sociais significativos em países pobres, bancam a infraestrutura dos seus eventos...

É como se um estranho de repente passasse a morar comigo. Não pagasse luz, água, telefone, alimentação, condomínio, transporte. Me dissesse como devo me comportar, me vestir, criar meus filhos e ainda como gastar meus recursos. Depois fosse embora com o dinheiro que não precisou gastar e mais aquele que recebeu para prestar os serviços de “consultoria”. A mim, restaria uma dívida gigantesca. Neste caso, prefiro a pecha de antipatriota, mas com dinheiro para investir em saúde, educação, emprego e em obras, aquelas de fato imprescindíveis.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Agora o bicho pega!















De Petrolina

O resultado da nova pesquisa Ibope, divulgada ontem, um dia antes início dos programas eleitorais gratuitos na TV e no rádio, acende um gigantesco sinal amarelo na sala de comando da campanha tucana. Basta, para isso, fazer uma leitura mais aprofundada dos números.

Segundo o Ibope, a presidenciável petista Dilma Rousseff – que começou a pré-campanha em significativa inferioridade – ultrapassa José Serra (PSDB) e abre 11 pontos percentuais. O placar principal está em 43% a 32%. Mas a análise mais assustadora – até por ser a mais precisa – incide sobre os votos válidos. Aqueles que são realmente contabilizados pela Justiça Eleitoral para decidir a disputa, excluindo os votos em branco, nulos e indecisos.

Feita essa conta, Dilma aparece com 51% dos votos válidos, contra 38% de Serra, 10% de Marina Silva (PV) e 1% dos demais candidatos. O detalhe é que, para definir a vitória numa eleição logo no primeiro turno, um candidato precisa obter 50% dos votos válidos, mais um.

Por isso a luz amarela piscando sem parar nas hostes do PSDB. Levando em conta a nova rodada do Ibope, se as eleições acontecessem hoje, a candidata do presidente Lula estaria eleita, sem segundo turno.

Mas as eleições não são hoje. Há pela frente toda uma propaganda eleitoral na TV e rádio. E pelo que já vimos em campanhas anteriores, seria perigoso afirmar hoje que ela pode mudar o cenário em favor de Serra ou consolidar a vantagem de Dilma.

A única previsão fácil de fazer é a de que, depois dessa pesquisa, o fair play deve ir para o espaço, pescoço vai virar canela e vem muito chumbo grosso por aí.


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Debate pra quê?











Continuo com saudades dos xingamentos, dos gritos, do desespero dos mediadores em tentativas inúteis de manter o controle sobre exaltados candidatos. Assim eram os debates eleitorais de antigamente na televisão. Mesmo aqueles com apenas dois oponentes conseguiam prender a atenção do eleitor-telespectador.


Na noite de quinta-feira passada, confesso que fiz força para não dormir diante da TV, durante o debate entre os candidatos ao governo de Pernambuco. Faltou pouco. Com todo respeito aos colegas da TV Clube/Band pela iniciativa louvável e democrática, foram poucos os momentos que realmente atrairam a atenção.

Mas a culpa não é dos organizadores - embora o formato ajude a tornar o programa mais insípido.
A culpa, na verdade, é dos próprios candidatos. Seja pelo despreparo, seja pela falta de compromisso com a apresentação de propostas diferenciadas, seja pelo estilo demasiadamente matreiro. O fato é que o primeiro embate do pleito estadual não trouxe nada de novo para o eleitor.

Preocupado em defender sua gestão, o governador-candidato Eduardo Campos (PSB) obviamente jogou confetes em si mesmo. E quando teve oportunidade de partir para a luta franca com o desafeto Jarbas Vasconcelos (PMDB), preferiu a ironia e a esquiva. Nem parecia aquele candidato que nas ruas se mostra disposto a fazer da oposição uma "terra arrasada".

Jarbas, por sua vez, mostrou que está mesmo destreinado para debates. Talvez por ter rejeitado a participação em todos os confrontos de 2002, quando disputava a reeleição como favorito. Por mais que se esforçasse ontem, o peemedebista não conseguia trazer o rival Eduardo para dentro do ringue. O resultado é que os dois ficaram apenas se xingando de longe, que nem meninos buchudos.

E os outros quatro concorrentes? Sim, havia mais deles no debate. Mas suas participações refletiram seus índices nas pesquisas, que oscilam entre zero e um ponto percentual. Não conseguiram despertar discussões acaloradas, e tampouco apresentar propostas que atraíssem o eleitor.

Faça-se aqui uma justa exceção para Sérgio Xavier (PV), que se esforçou para explicar as propostas modernas dos verdes, baseadas na sustentabilidade. Mas a tabelinha com os oponentes não ajudou. Entre os representantes da ultra-esquerda, a preocupação se limitava à crítica radical aos governos de Eduardo e de Jarbas, mescladas a promessas inexequíveis, como a reestatização de empresas privatizadas, e coisas afins.


Mas por que defender o bate-boca, as agressões e as baixarias politicamente incorretas no debate? Talvez por já ter ligado a tevê convencido de que não seria surpreendido com discursos diferenciados ou propostas inovadoras para o Estado. E sem isso, só mesmo o velho vale-tudo eleitoral para evitar os cochilos em frente à telinha. Mas nem isso eles souberam fazer. Que saudades dos velhos debates...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Da lama pra (má) fama











Não causa surpresa a ninguém o primeiro balanço de impugnações de candidaturas na Justiça Eleitoral, divulgado hoje pelo jornal Folha de S. Paulo. É fácil saber qual o partido com mais postulantes barrados na disputa de outubro, após a aplicação da Lei da Ficha Limpa. Basta pegar como referência aquele que mais esteve envolvido em escândalos, que mais participou de negociatas e outras atividades escusas nos últimos anos no País.


Quem chutou PMDB, acertou na mosca. Pelo menos 23 candidatos peemedebistas à Câmara dos deputados e assembleias legislativas tiveram seu registro impugnado por constar em sua ficha condenação pelo colegiado de algum tribunal ou órgão de controle de contas. Trocando em miúdos: são candidatos que, ao longo da vida, cometeram alguma "travessura" com a honra, a propriedade ou o dinheiro alheio. E agora querem seu voto, rumo à imunidade parlamentar.

Em segundo lugar no ranking dos barrados no baile das urnas aparece o PP, legenda que até pouco tempo hospedava a candidatura do deputado federal Paulo Maluf (SP) à reeleição. Digo hospedava porque desde a semana passada Maluf encabeça a lista dos candidatos impugnados do seu partido.

Na escala de siglas campeãs de fichas-sujas, o PR e o PTB empatam na terceira colocação, seguidos de perto pelo PSDB do presidenciável José Serra, que ficou em quarto lugar. O que não significa vantagem para o PT da ex-ministra Dilma Rousseff. Afinal de contas, quando eu era pequeno - e ainda crente na política - lembro que era o PT quem empunhava a bandeira da ética e do combate à corrupção. Hoje, já tem três candidatos a deputado impugnados pela Justiça por ter ficha suja.

Ao todo, o primeiro "peneirão" dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) no País pegou 151 aspirantes a um mandato parlamentar, mas graças ao próprio passado enlameado, vão ficar só na vontade. E vem mais por aí. Nos próximos dias o TRE de São Paulo vai julgar mais 60 pedidos de impugnação.

É bom lembrar que a Lei da Ficha Limpa só foi aprovada no Congresso Nacional depois de muita mobilização popular. Graças à ela, estão proibidas de disputar eleições pessoas condenadas por órgãos colegiados do Judiciário ou de controle de contas.

Os barrados ainda poderão recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas salvo algumas exceções, são poucas as chances de um Pleno reformar a decisão de outro. E ainda que isso aconteça, basta um recurso em contrário de um procurador regional eleitoral para que o "ficha-suja" tenha sua candidatura questionada novamente.

Que fique, então, a advertência: se você planeja conquistar um cargo eletivo no Brasil, a partir de agora se ligue na máxima: "o crime não compensa". Pelo menos até passar no teste das urnas. Depois, é outra história...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Com ou sem emoção?












Debate presidencial, hoje em dia, me lembra o tradicional passeio de buggy nas dunas do Rio Grande do Norte. Quando você contrata o motorista local, ele vai logo querendo saber se será com ou sem emoção. Os menos avisados pedem "com", e são surpreeendidos com uma série de manobras radicais, daquelas de deixar o cidadão literalmente pendurado do lado de fora do carro.


Pedir o contrário, porém, pode ser bem pior. No passeio "sem emoção", o turista não vai achar graça nenhuma em passar devagarinho pela beira de grandes dunas e abismos. Periga até sentir sono, e ficar morrendo de inveja das peripécias e gritos no carro ao lado.

Pois foi assim, "sem emoção", o primeiro debate dos presidenciáveis, ontem à noite, na televisão. Morno, sem sal, sem graça. Nenhuma manobra radical, nenhum grito exaltado. Ninguém ficou pendurado do lado de fora do carro. José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT), marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) apenas cumpriram tabela, ali, no que poderia ter sido uma oportunidade de dar uma reviravolta na campanha, para chacoalhar o eleitor.

Esperava-se uma Dilma trêmula e acanhada - e até foi, mas só no começo - diante de intensos ataques de um Serra louco para detonar o governo Lula, do qual a adversária foi a gerente. Mas enquanto a petista evitou maiores pisões na bola nas respostas, o tucano ficou aquém da sua capacidade incisiva.

Enquanto isso, a senadora Marina Silva e o ex-deputado Plínio Sampaio lutavam para garantir um espacinho junto aos telespectadores. Mas a conformada candidata verde manteve o tom de voz manso, o estilo conciliador e a postura de excessiva transparência, a ponto de elogiar programas do governo Lula, de onde desembarcou às pressas, empurrada pela adversária que estava ali ao seu lado.

Sobrou para o experiente Plínio, do alto dos seus 80 anos de idade, pegar a veia irônica do debate e até debochar da imaturidade dos concorrentes. Ganhou o eleitor pela falta de algo mais palatável por parte dos outros candidatos. Em meio às brincadeiras, conseguiu expôr todo o seu radicalismo de esquerda, sugerindo a ruptura com o grande capital, a distribuição igualitária dos lucros com o povão e as estatizações de empresas e bancos privados. Um discurso que, embora ainda palpitante em alguns corações mais jovens, tem mais ou menos a idade do próprio candidato do PSOL.

Não se deve tirar os méritos da TV Bandeirantes, pela coragem de promover o primeiro confronto da campanha, mesmo tendo que enfrentar a alta audiência de uma semifinal da Copa Libertadores no canal concorrente. No intervalo do jogo, o debate chegou a bater cinco pontos, mas em geral ficou em três, contra cerca de 30 pontos de audiência da partida de futebol. Bem mais emocionante que política, convenhamos.

A questão talvez nem seja de formato. Afinal, houve três blocos onde cada candidato pode escolher com liberdade para quem formular suas perguntas. E mesmo quando ouvia o questionamento dos jornalistas convidados, estava livre para comentar da forma que bem desejasse.

Creio que o problema da falta de emoção vem dos próprios candidatos. Seja do experiente Serra, seja da estreante Dilma. Não houve um momento sequer em que vozes tenham se levantado, ou dedos tenham sido apontados de forma acusadora. Alguém lembra dos embates históricos, como aquele em que Leonel Brizola e Paulo Maluf quase se pegaram no tapa? Ou o outro em que Lula e Ronaldo Caiado gritavam incontrolavelmente um com o outro, para desespero da mediadora?

Poderia citar vários debates presidenciais emocionantes, e de tempos não tão distantes assim. Vale, portanto, o questionamento: da redemocratização aos dias de hoje, o que mudou tanto na política, ao ponto de tirar toda a emoção do passeio?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Fadiga do material














Uma máquina forte e azeitada, que funcionou perfeitamente por mais de uma década. Assim poderia ser definida a União por Pernambuco, aliança improvável que uniu ex-adversários do PMDB e PFL (atual DEM) em nome de um projeto de poder no Estado. E uma vez fortalecido com a primeira vitória, o bloco ganharia novos adeptos. Entre eles, o PSDB, cujo peso político garantiria fôlego extra.


Mas como todo acordo político, a aliança PMDB/DEM/PSDB tinha data de validade, e expirou após o pleito de 2006, abalada, sobretudo, por divergências inconciliáveis entre tucanos e pefelistas. Insistir no uso dessa máquina só poderia trazer transtornos. E é exatamente o que está acontecendo.


As declarações do líder do PSDB na Assembleia, deputado Pedro Eurico, publicadas na edição de domingo do JC, traduzem o que todos gostariam de falar. O próprio Jarbas Vasconcelos (PMDB) – comandante-em-chefe do conjunto – tinha consciência de que o ciclo havia se fechado. Ainda assim cedeu à insistência dos aliados para que disputasse novamente o governo este ano.


O resultado é dramático: dificuldades de atrair recursos, evasão de prefeitos para o palanque adversário, desinteresse dos candidatos a deputado pela campanha majoritária e divergências profundas entre caciques dos partidos. Tudo isso apimentado por índices muito aquém dos desejáveis nas pesquisas.


Se mesmo diante de tantos sintomas, a falência da União por Pernambuco ainda não convenceu os mais céticos, o cenário pós-eleitoral o fará. É quando deve ficar claro o namoro entre tucanos e socialistas, de olho em um novo projeto de poder.

* Texto publicado na coluna Cena Política, do JC, em 02/08/2010